segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pai


Sinto saudade. O ritual de manhã já não é o mesmo. Agora quando passo no teu quarto, já não estás lá. A cama está vazia, procuro o teu rosto para te dar um beijo de "Bom dia!", mas em vão. Voltei-me a esquecer que já não estás cá. Procuro o teu pólo velhinho, sinto-lhe o cheiro, depois aperto-o contra o meu peito com muita força, desejando que tenhas um bom dia. Depois vou-me embora com a memória do teu cheiro e o calor dos teus abraços no pensamento. E nesses dias, tenho sempre dias menos sós. Ao almoço procuro o teu número para te contar como está a correr o meu dia - "O número que marcou de momento não está disponível, por favor tente mais tarde." - Bolas! Voltei-me a esquecer que aquele já não é o teu número. Almoço com a saudade a provocar-me um nó na garganta e no coração. Às vezes fico mesmo convencida que as saudades fazem doer o coração e que isso não é só mais uma metáfora tonta que as pessoas utilizam. À tarde quando volto para casa, chamo por ti para vires lanchar como sempre fiz, mas tu não vens... E quando chega a noite e o jantar, continuo a por o teu lugar na mesa e a tagarelar como antes na esperança que tu me ouças. Sabes, à noite quando estou a ver televisão ou no computador, chego a sentir saudades de te ouvir resmungar por eu me rir tão alto... Antes de me deitar volto a ir buscar o teu pólo e adormeço abraçada a ele, sempre à espera da noite em que tu voltas para me aconchegar.
Sinto saudades tuas...
31 de Julho de 2008

1 comentário:

qel disse...

«Almoço com a saudade a provocar-me um nó na garganta e no coração. Às vezes fico mesmo convencida que as saudades fazem doer o coração e que isso não é só mais uma metáfora tonta que as pessoas utilizam».

É tal e qual como tu disseste: é tudo menos uma metáfora. Eu sei o que isso é, ter saudades de alguém que já não volta. Espero que o tempo atenue a dor, como tem feito comigo. Um beijinho *