quinta-feira, 31 de julho de 2008

Pai

Sinto saudade. O ritual de manhã já não é o mesmo. Agora quando passo no teu quarto, já não estás lá. A cama está vazia, procuro o teu rosto para te dar um beijo de "Bom dia!", mas em vão. Voltei-me a esquecer que já não estás cá. Procuro o teu pólo velhinho, sinto-lhe o cheiro, depois aperto-o contra o meu peito com muita força, desejando que tenhas um bom dia. Depois vou-me embora com a memória do teu cheiro e o calor dos teus abraços no pensamento. E nesses dias, tenho sempre dias menos sós. Ao almoço procuro o teu número para te contar como está a correr o meu dia - "O número que marcou de momento não está disponível, por favor tente mais tarde." - Bolas! Voltei-me a esquecer que aquele já não é o teu número. Almoço com a saudade a provocar-me um nó na garganta e no coração. Às vezes fico mesmo convencida que as saudades fazem mesmo doer o coração e que isso não é só mais uma metáfora tonta que as pessoas utilizam. À tarde quando volto para casa, chamo por ti para vires lanchar como sempre fiz, mas tu não vens... E quando chega a noite e o jantar, continuo a por o teu lugar na mesa e a tagarelar como antes na esperança que tu me ouças. Sabes, à noite quando estou a ver televisão ou no computador, chego a sentir saudades de te ouvir resmungar por eu me rir tão alto... Antes de me deitar volto a ir buscar o teu pólo e adormeço abraçada a ele, sempre à espera da noite em que tu voltas para me aconchegar.

Sinto saudades tuas...

domingo, 20 de julho de 2008

Dores

O tempo passou e aquilo que fizeste, deixou de doer e tornou-se num leve ardor, por vezes mais aceso, mas quase sempre, um simples e ligeiro ardor. Porém, continuo sem saber onde te colocar. Meu amigo já não és, preferes ignorar-me e fazer de conta que não me vês. Agora que terminaram as aulas, nem meu colega és! Mas a verdade é que também não és um estranho, mais um que passa por mim e pelo qual eu nem sequer dou conta. A realidade é que todas as vezes que me cruzo contigo, um friozinho me invade o estômago e aos poucos percorre-me todo o corpo e se desfaz num arrepio. Apesar disso, não consigo acreditar que te ame e que estes sejam os sinais da minha paixão. Desde daquela noite que ficou a convicção de que não te podia amar mais, ninguém ama um homem que olha daquela maneira uma mulher. Por isso vou-me auto-convencendo (?) que é o constrangimento a falar mais alto e que por isso fico sem graça de cada vez que os nossos olhares se tocam. Devias-me conhecer melhor e saber que eu continuo a ser a minha dos totós, embora já não os traga. Tinhas que saber que por muito flexível que te possa parecer, sou idealista por de mais e jurei jamais voltar a ceder a impulsos como aqueles. Não podias ter ultrapassado os limites e desrespeitar-me daquela maneira! Quem pensas que sou? Por quem me tomas? Perdoei tudo isto, mas não perdoo-o o facto de teres deixado de ser meu amigo, para te tornares no estranho do qual tenho vergonha! E isso, isso nunca vai deixar de doer...